sexta-feira, 2 de outubro de 2009

General Osorio


Manoel Luis Osorio, General Osorio, hoje Patrono da Arma de Cavalaria do Exercito brasileiro, foi um dos militares mais populares da história do Brasil, se não o mais. Nascido na Vila de Nossa Senhora da Conceição do Arroio em 10 de maio de 1808, na estância de seus avós maternos, atual município de Tramandaí-RS. Cresceu neste ambiente, onde aprendeu as lidas campeiras desde cedo, montar e domar, habilidades necessárias aos guerreiros daquela época. O pai era militar e participou da invasão da Banda Oriental em 1811. Terminada a luta contra Artigas e já como Provincia Cisplatina, seu pai foi designado à guarnição do Exercito Imperial em Salto, região noroeste do Uruguai, para onde levou a familia em 1821. Osorio, primeiramente não queria ser militar, planejava seguir estudos, porém por força do momento político na região, seu pai o fez assentar praça no exército e reforçar suas tropas. Osorio partiu com seu pai ao encontro do Exército do General Lecor e assentou praça em 1823. Participou da Batalha do Sarandí, afluente do Rio Yí, hoje Departamento de Flores, Uruguai, em 12 de outubro de 1825, entre os Rebeldes Orientais e o Exercito Imperial. Com a refrega pendendo para o lado Oriental, foi cercado com seus companheiros do qual escapou após combate braço a braço. Viu sair em seu encalço dois soldados orientais que o identificaram como oficial. Estes atiravam bolheadeiras para tentar derruba-lo e, ao perceber que acabaria sendo alcançado, Osorio, que galopava com a pistola em uma mão, em movimento rápido deu um tiro para trás e matou o perseguidor que vinha a sua direita, por destreza, mas também por sorte em função da dificuldade do tiro. O outro vinha com espada para golpea-lo a qual se quebrou ao chocar-se com sua pistola descarregada, erguida por ele para defender-se do golpe. O castelhano aguarrou a rédea do seu cavalo e Osorio o golpeu com a pistola na cabeça, fazendo cair do cavalo causando sua morte. Mais adiante encontrou o General Bento Manoel Ribeiro desmontado apertando os arreios, que haviam caído. Osorio agrupou soldados para formar resistencia e dar tempo ao comandante remontar e salvar-se. Livre da Perseguição do inimigo Bento Manoel confiou a Osorio e não aos oficiais mais antigos a missão de organizar os soldados dispersos. Com a coragem demonstrada nesta batalha, ganhou o respeito da tropa. Tinha 17 anos na época. Quando eclodiu a revolução Farroupilha em 20 de setembro de 1835, já como tenente, fazia parte da guarnição de Bagé. Osorio era do partido Liberal, o mesmo dos revolucionários, porém como obdiente da disciplina militar, seguiu com seu capitão, que era do partido conservador, para São Gabriel a juntar-se as tropas de Sebastião Barreto, comandante de armas da Província e fiel ao Governo de Braga, Presidente da Provincia. A tropa foi dissolvida em função da superioridade numérica dos farrapos na região e fugiu para o Uruguai. Com a dissolução das forças de Sebastião Barreto, voltou do Uruguai decidido a juntar-se ao Farrapos, pois eram do mesmo partido e a maioria dos lideres tinham lutado ao seu lado na Cisplatina. Araújo Ribeiro que veio assumir a presidencia da provincia, da cidade de Rio Grande escreve aos potenciais legalistas falando da conspiração revolucionária para proclamar a Republica Rio Grandense, entre estes Osorio, que resolveu defender o novo presidente, pois não concordava com a separação. Assim ficou até o final da guerra ao lado dos legalistas. Após o final da revolução com a paz assinada em Ponche Verde e sendo o novo presidente da provincia o Barão de Caxias, Osorio entra definitivamente para politica pelo partido liberal, como deputado da provincia, acumulando-se a carreira militar e política, numa época em que isso era permitido. Na política construiu desafetos que prejudicaram-no em varias ocasiões na carreira militar. Porém era um militar de confiança do Conde de Caxias e de Dom Pedro II. Quando Rosas ameaçou a política no Prata, apoiando o caudilho do partido Blanco Manuel Oribe no Uruguai, que saqueva e destruia as estâncias no norte do uruguai as quais pertenciam em sua maioria a brasileiros, o Império faz aliança com o governo colorado no Uruguai e a provincia de Entre Rios na Argentina sob o comando do General Urquiza. O Exercito Imperial, mais uma vez invade o Uruguai sob o comando de Caxias, com 16.200 homens aliado a Urquiza que invade pelo Rio Uruguai, para libertar o país do caudilho Manuel Oribe que cercava Montevidéu, governada pelo partido Colorado. Cerco este que durou em torno de 10 anos, episódio da historia Uruguaia denominado de Guerra Grande. A guerra passa ao território argentino, em 1852, e a batalha derradeira é feita em Monte Caseros, próximo a cidade de Buenos Aires, em 3 de fevereiro, onde o exercito de Rosas com 24.000 homens é derrotado por 26.000 comandados por Urquiza. Osório comandou a cavalaria Rio Grandense sob ordens do General Lamadrid e teve papel fundamental nesta batalha, permanecendo a frente de seu regimento em todos os ataques, sendo que no final marchou a trotre e tomou uma bateria composta de cinco canhões. Foi elogiado por todos nesta batalha, Argentinos, Uruguaios e pelo seu exército. Começou aí uma lenda para todo o exército e nos países do Prata. O episódio mais importante de sua história militar foi a Guerra do Paraguai, iniciada em 1865, entre a Tríplice Aliança, formada entre Brasil-Argentina-Uruguai sob o comando do Presidente da República Argentina General Bartolome Mitre e a República do Paraguai sob comando do ditador Solano Lopez. Obteve papel fundamental na guerra como comandante do exército brasileiro, nos diversos cenários, primeiramente na invasão do Uruguai, depois a transposição do Rio Uruguai para a Argentina, com o exército paraguaio invadindo este país, e logo o Rio Grande do Sul. Após a retirada do exército paraguaio, o qual voltou ao Paraguai, para assumir posição defensiva, e a rendição de Uruguaiana, onde as forças do Coronel Estigarribia renderam-se aos Aliados na presença do próprio Imperador Dom Pedro II, iniciou-se a invasão ao território paraguaio pelo Passo da Pátria, confluência entre os Rios Paraná e Paraguai, território Argentino. Osorio fez questão de ser o primeiro a por os pés em território paraguaio, onde proferiu a frase "É por ali que vai o caminho do dever; a ele soldados. Avante!". Por ser voluntarioso e estar sempre na vanguarda de seus soldados mostrando o caminho, Osorio adquiriu uma capacidade de liderança lendária, que segundo soldados que participaram da Guerra e escreveram sobre ela, exercia uma força de admiração e atração quase divina sob seus comandados, a ponto de que a simples visão deste General na batalha os incitava novamente ao ataque. Foi assim que organizou a vitória na Batalha do Tuyuty, em 24 de maio de 1866, maior batalha campal da America do Sul com 32.000 aliados sendo atacados por 24.000 paraguaios. Aos gritos em cima de seu cavalo, sob uma saraivada de balas comandou a inversão da batalha, sendo favorável aos paraguaios até o momento. Para manobrar as tropas, constituídas em boa parte por civis, os chamados "Voluntários da Pátria", percorreu todo acampamento, indo para vanguarda debaixo de fuzilaria inimiga, e aos gritos de "Viva a Nação Brasileira" e "Viva o Imperador", fez parar batalhões que recuavam e avançar aqueles que trazia consigo. A batalha durou 5h30min, terminado ao final da tarde e deixando o campo coberto de cadáveres paraguaios, em distância superior a 3 km, cerca de 6.000 paraguaios mortos e 7.000 feridos enquanto os aliados tiveram cerca de 1000 mortos e 3200 feridos. A guerra prosseguia com o objetivo de dominar a fortaleza de Humaitá que defendia o Rio Paraguai e a passagem para Assunção, capital do país. Osorio voltou ao Brasil em agosto de 1866 para cuidar da saúde debilitada e deixou o exército sob comando do General Polidoro. Com exército estagnado em Tuyuty e em guerras de trincheiras denominada de Linha Negra, decidiu-se a invasão do segundo exército sob comando do General Porto Alegre, que estava estacionado no Rio Grande do Sul, como reserva, para que, em conjunto com a esquadra sob comando de Tamandaré, atacasse as duas fortificações que precediam Humaitá, denominadas Curuzu e Curupaity, a mando do comandante da Tríplice Aliança General Bartolome Mitre. Porto Alegre obteve sucesso na primeira, e no ataque a Curupayty com o exercito do General Porto Alegre sendo auxiliado pelo próprio Bartolome Mitre que comandou pessoalmente o exército argentino, foram derrotados. Vendo a guerra estagnar e sem comando, Dom Pedro II, chamou Caxias, que em sacrifício pessoal, pois já era sexagenário, aceitou a missão de organizar o exército e aumentar seu efetivo. Caxias chamou novamente Osorio ao serviço e colocou-o no comando do 3º exercito no Rio Grande d0 Sul onde responsabilizou-o pela tarefa de alistar novos efetivos nesta Província a fim de reforçar o exército no Paraguai. Encontrando muitas dificuldades, inclusive política, pois o presidente da Provincia era seu rival, conseguiu reunir cerca de 5.000 homens, que em 18 de julho de 1867 passou ao Paraguai. Caxias decide mobilizar o exercito novamente com a presença de Osorio, e atacar a posição de Humaitá que sucumbiu em 1868 e o caminho ficou livre até Assunção para esquadra brasileira bombardear a capital do país. No inicio de dezembro de 1868 deu-se inicio a uma série de batalhas contra o exército paraguaio o que acabou por dizima-lo por completo, foi a chamada Dezembrada, onde em 11 de dezembro de 1868, travou-se a batalha de Avaí, em que Osorio, por estar na vanguarda e exposto aos tiros do inimigo, foi alvejado por um paraguaio que estava em uma árvore. A bala entrou de cima para baixo e partiu seu maxilar inferior esquerdo derrubando-o do cavalo. Ele voltou a montar, mas o sangue jorrava do ferimento e como não podia estanca-lo, enrolou o pala no rosto e passou a galope por todas as linhas dizendo "carreguem, camaradas, acabem com o resto...". Durante anos no dia 11 de dezembro, veteranos da Guerra do Paraguai compareceram perante a estátua de Osorio, no Rio de Janeiro para depositar flores. A batalha do Avaí foi retratada em quadro monumental de Pedro Américo em 1877. Devido ao ferimento Osorio não participa dos demais combates de dezembro de 1868 e retira-se ao Brasil, para cidade de Rio Grande onde morava sua esposa, para tratar o ferimento grave. Apartir daí o caminho estava livre para Assunção onde o exército entrou sem resistência e deserta em 1º de janeiro de 1869. Neste momento o comando da guerra passa ao Conde D´eu, que novamente chamou Osorio para um último esforço de comandar o exercito, não participando ativamente dos combates, mas para levantar o ânimo das tropas que já estavam a mais de 4 anos na campanha. Osorio aceitou a tarefa e retornou em abril de 1869, onde ficou até dezembro do mesmo ano. A perseguição a Lopez durou até 1870. Com todo seu exército regular dizimado, utilizou velhos e crianças (com barba postiça) para combater até o final, quando foi morto no Arroio Aquidaban. Osorio voltou como Herói nacional, desiginado a Marquês do Herval e Marechal, recebeu diversas condecorações do Imperador Dom Pedro II que o admirava. Foi senador do Império, e faleceu em 4 de outubro de 1879 aos 71 anos de idade, vítima de uma pneumonia, no Rio de Janeiro. Foi primeiramente enterrado lá, sendo mais tarde seus restos mortais depositados numa cripta embaixo da estátua construída em sua homenagem em 1892, e em 1993 retornou ao Rio Grande do Sul onde está depositado em uma urna funerária em memorial no Parque Histórico Marechal Manoel Luis Osorio em Tramandaí-RS. SUGESTÃO E FONTE BIBLIOGRÁFICA: GENERAL OSORIO, FRANCISCO DORATIOTO, 2008, COMPANHIA DAS LETRAS;
REMINISCÊNCIAS DA CAMPANHA DO PARAGUAI, DIONISIO CERQUEIRA, 1980, BIBLIEX

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